quinta-feira, outubro 27, 2005
Bolero do Coronel Sensível que fez Amor em Monsanto
Eu que me comovo por tudo e por nada
Deixei-te parada na berma da estrada
Usei o teu corpo, paguei o teu preço
Esqueci o teu corpo, limpei-me com um lenço.
Molhei-te à cintura de pé no alcatrão
Levantei-te as saias deitei-te no banco
Num bosque de faias de mala na mão
Nem sequer falaste, nem sequer beijaste
Nem sequer gemeste, mordeste, abraçaste
Tinhas 12 escudos, foi o que disseste
Tinhas quinze anos, dezasseis, dezasete
Cheiravas a mágoa à sombra dos pombos
A fazer-se em quarto a sua hora chiclet
Saiste do carro alisando a blusa
Respirei da janela rosto de aguarela
Puxem semi-fusa soltei o travão
Voltei para casa de chaves na mão
Sobrancelha em asa disso fiz serão
Ó filho, ó mulher repeti a fruta
Acabei a ceia larguei o talhão
Estendi-me na cama de ouvido à escuta
De perna cruzada e de olhos em chama
Só tinha na ideia teu corpo parado
Na beira da estrada e eu que me comovo
Por tudo e por nada...
Boitezuleika
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