quarta-feira, março 03, 2010
sexta-feira, fevereiro 19, 2010
terça-feira, fevereiro 09, 2010
Sententiae
Não assentes os lábios numa ferida duvidosa.
E por mais submisso que ele seja
não ates o teu cão a um fio de seda.
Não corrijas a História com o teu juízo abstracto.
Nenhum morto voltou para acabar as palavras.
Elas saberão acabar contigo quando lá chegares.
Não tentes o perverso com outra perversidade
que não seja a tua. Nenhuma lâmina será
igual a outra lâmina. Nem nenhum cordeiro.
Não digas desta água nunca ninguém bebeu.
A água é sempre a mesma. As bocas sim
é que são diversas.
Não cuides do mercado infeccioso das almas.
A peste é infinita. Só é breve o teu tempo.
Não procures no olhar do gato a indiferença.
Passa-lhe a mão pelo pêlo e depois chora.
Não digas que o teu pai não te conhece.
Pergunta-lhe primeiro se alguma vez
se conheceu.
Não rias em frente duma máquina.
Só Deus sabe qual é o mais ridículo.
Não saias da tua casa à procura do mundo.
Ele já te conhecia e não te veio procurar.
Não dances com o Rei a pensar na Rainha.
A Corte tem ouvidos dentro do teu cérebro.
Não penses no dilúvio universal.
Pensa no teu e aprende a nadar em vão.
Armando Silva Carvalho
in O Que Foi Passado A Limpo, 2007
Assírio & Alvim
segunda-feira, fevereiro 08, 2010
domingo, fevereiro 07, 2010
segunda-feira, janeiro 18, 2010
«Hoje vesti-me de silêncio
E sou apenas ouvinte
Dos aplausos mudos
Que me ecoam
Ainda
Na mente...
Sou palhaço
A tempo inteiro
Dentro ou fora
Do meu palco
Que ri e faz rir
Ou que também chora
Por detrás da cortina
Quando se emociona
Como qualquer outro ser
Humano
Mas hoje apetece-me
Ser só um palhaço
De cara lavada
Sem riso
Nem choro
Velando o meu sonho
No embalo
Na tranquilidade
De um inquietante
Instante silencioso
E sorrio...
Sorrio
Para mim mesmo
Quando me penso
Ser um simples louco
Um louco
Que se ri de si mesmo
Assim...
... só porque sim!
E que mal fará isso?
Se hoje me sinto feliz...
impossível ficar indiferente!