quarta-feira, novembro 11, 2009

Caminho Zen


Busco o que não alcanço, pois...

Se o alcançasse...

...Não seria busca;

Seria posse.

Falo o que não digo, pois...

Se o dissesse...

...Não seria expressão;

Seriam palavras.

Nego a negação, pois...

Se dissesse sim ao não,...

...Não seria uma afirmação;

Seria a negação.


Não odeio os que me amam, mas...

Consigo amar os que me odeiam.

Morrerei porque vivo, mas...

Sempre viverei.

Serei eterno porque terei um fim,...

...Um fim para um recomeço.


de Paulo Rogério da Motta

in http://www.euniverso.com.br/Paulo/Poesias/caminho_zen.htm

"Nenhuma circunstância exterior substitui a experiência interna. E é só à luz dos acontecimentos internos que entendo a mim mesmo. São eles que constituem a singularidade de minha vida". (C.G.Jung)

in (http://www.euniverso.com.br/psicologia/index.htm)

Já gastámos as palavras

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Adeus

Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.

Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.

Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.

Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.

Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.

Adeus.

Eugénio de Andrade

(não me canso de o ler,
um grande poema de um grande autor)

Submersa


Estou submersa

estou à tua espera
quero estar à tua espera
submersa...
a olhar, ouvir a acreditar...

que tu e só tu me vens buscar

que me tragas de volta

deste vazio completo de ti

deste respirar sufocante

que caminha sobre a minha pele
do cheiro da madrugada

que entra em mim

dos lábios que sugam os meus dedos

das mãos que agarram o meu corpo

do uivar pelo teu nome.



de Maria Pereira





fake stories II by = eelmikashigaru
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(publicado por D.Quixote in Poertrycafe)
Palavras de encantar...




Lisa Ekdahl - when did you leave heaven...