quinta-feira, setembro 15, 2005

Será
Será que ainda me resta tempo contigo,ou já te levam balas de um qualquer inimigo.Será que soube dar-te tudo o que querias,ou deixei-me morrer lento, no lento morrer dos dias.Será que fiz tudo que podia fazer,ou fui mais um cobarde, não quis ver sofrer.Será que lá longe ainda o céu é azul,ou já o negro cinzento confunde Norte com Sul.Será que a tua pele ainda é macia,ou é a mão que me treme, sem ardor nem magia.Será que ainda te posso valer,ou já a noite descobre a dor que encobre o prazer.Será que é de febre este fogo,este grito cruel que da lebre faz lobo.Será que amanhã ainda existe para ti,ou ao ver-te nos olhos te beijei e morri.Será que lá fora os carros passam ainda,ou estrelas caíram e qualquer sorte é bem vinda.Será que a cidade ainda está como dantes ou cantam fantasmas e bailam gigantes.Será que o sol se põe do lado do mar,ou a luz que me agarra é sombra de luar.Será que as casas cantam e as pedras do chão,ou calou-se a montanha, rendeu-se o vulcão.Será que sabes que hoje é domingo,ou os dias não passam, são anjos caindo.Será que me consegues ouvir ou é tempo que pedes quando tentas sorrir.Será que sabes que te trago na voz,que o teu mundo é o meu mundo e foi feito por nós.Será que te lembras da cor do olhar quando juntos a noite não quer acabar.Será que sentes esta mão que te agarra que te prende com a força do mar contra a barra.Será que consegues ouvir-me dizer que te amo tanto quanto noutro dia qualquer.Eu sei que tu estarás sempre por mim não há noite sem dia, nem dia sem fim.Eu sei que me queres, e me amas também me desejas agora como nunca ninguém.Não partas então, não me deixes sozinho Vou beijar o teu chão e chorar o caminho.Será,Será,Será!Pedro Abrunhosa

quarta-feira, setembro 14, 2005

Geoffroy Demarquet
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Será à força de ressumarem do meu espírito que acendem no mundo o brilho de uma lucidez cruel? Parece-me falso, este velho mundo que outros descrevem como uma sucessão de maravilhas. De morrer de tristeza, este mundo dos humanóides com as suas pil**, os seus humores, as suas mentiras, e tanta arrogância, desprezo, vaidade. Mas é vir-me que quero, e não morrer. A não ser que as duas coisas se confundam, se assemelhem.
Ninguém me diz uma palavra. Algumas das minha companheiras sustentam, CAGONAS, que souberam o que é o orgasmo à segunda ou terceira relação. Merda para as mentirosas ou então, aí está, sou eu que sou doida. a menos que seja simplesmente anormal, que falte alguma peça à minha panóplia de rapariga, como hei-de saber? Estava inquieta, só isso.
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Frederic Gaillard

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A minha mão estava decidida, tremia-me o corpo todo, as minhas pernas só se aguentavam de pé graças ao hábito, ou pouco mais, da posição vertical. Tentara desenhar a forma do seu sex* através da química de um espírito demasiado perturbado que nada retivera. A respiração dele tornara-se mais acelarada. Na minha boca, a sua língua abandonara-se a uma lentidão nunca antes conhecida. Com medo, tirei a minha mão e afastei-me dele. Não! Ele voltara a apanhar-me nos seus braços e dissera: «Amo-te». E aí, não sei porquê, desatei a rir. O amor, que disparate!

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